Onze entidades da sociedade civil vinculadas à Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI) assinaram manifesto contra o projeto do governo brasileiro que está colocando a vida dos índios sob ameaça constante.
O documento faz referência aos assassinatos de lideranças indígenas e mortes por negligência no atendimento dessas populações, como ocorreu, recentemente, com as mortes de seis bebês do rio Itacoaí, no município amazonense de Atalaia do Norte. “A tragédia em Atalaia do Norte é uma fotografia mais recente da grave condição instituída como expressão da política governamental.”, assinala o documento.
A integra do manifesto
Estado brasileiro é o responsável pelas mortes de bebês indígenas
Seis bebês indígenas foram mortos às margens do rio Itacoaí, no município de Atalaia do Norte, a 1.100 quilômetros em linha reta de Manaus, Amazonas. Crianças com menos de um ano de idade submetidas aos maus-tratos pelo Estado brasileiro que os leva à morte assim como ocorre com seus pais e outros parentes igualmente vitimizados pela política governamental que retira direitos dos povos indígenas e, ao executar essa ação, os extermina diariamente na cidade ou em suas terras.
A Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI), conclama à sociedade civil nacional e internacional, as organizações e coletivos que atuam em defesa dos direitos humanos a somarem na luta dos povos indígenas contra o projeto trágico imposto pelo governo brasileiro que os submete a uma vida em permanente ameaças, assassinatos e outras formas de morte, como ocorreu com os seis bebês em Atalaia do Norte.
Em vários municípios do Estado do Amazonas, famílias indígenas são forçadas a se deslocarem até à sede dessas cidades, onde podem acessar benefícios a que têm direito, como recursos do Bolsa Família e Previdência Social. Na maioria desses locais, as famílias permanecem por longo período e são submetidas a situações de profunda precariedade, tratadas como indigentes. A tragédia em Atalaia do Norte é uma fotografia mais recente da grave condição instituída como expressão da política governamental.
A FAMDDI é solidária nessa dor das famílias e parentes dos bebês mortos, renova seu compromisso com a luta dos povos indígenas no Amazonas, na Amazônia e no Brasil pelo direito à vida com dignidade. Responsabiliza o Estado brasileiro por essas mortes e reivindica a tomada de posição em nível da União, do Estado e do Município para que as mortes sejam esclarecidas, os responsáveis acionados extra e judicialmente, e que providências reais sejam tomadas a fim de evitar mais mortes de indígenas.
Manaus, 10 de janeiro de 2020
Assinam este documento, como membros da FAMDDI:
Associação das Mulheres Indígenas do Rio Negro (AMARN) // Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA) // Conselho Indigenista Missionário (Cimi Norte I) // Fórum de Mulheres Afro-Ameríndias e Caribenhas //Fórum de Educação Escolar e Saúde Indígena (Foreeia) // Movimento de Mulheres Solidárias do Amazonas (MUSAS) // Mandato Popular Deputado Federal José Ricardo // Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas // Serviço de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental na Amazônia (SARES) // Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (SJP-AM) // Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya)
Um espaço de ressurgimentos. De expressão e reafirmação das relisiências. Parabéns, Wilson Nogueira e equipe por tecerem utopias incomodadoras. Fundamentais diante da tática de erguer o medo, a hipocrisia e a desesperança.
Ivânia Vieira