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Para o mercado, a democracia que se lixe! [Por J. Rosha]

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Nesta segunda quinzena, dois relatos ilustram com eloquência o desafio imposto pela crise política que afeta o Brasil, em particular, e todo mundo capitalista, de forma geral.

Por um lado, o abismo da desigualdade econômica se aprofunda a cada ano.

Por outro – e como consequência do primeiro-, a democracia rui, vertiginosamente, colocando a humanidade diante de um grande dilema: como superar as crises decorrentes de tanto desequilíbrio?

“[…] O mercado sinalizou o pior: que, se a economia ficar de boa, opera até contra a democracia”.

Essa foi a conclusão da Jornalista Alexa Salomão no artigo sob o título Mercado sinaliza que, por retorno, opera até contra a democracia, publicado na página da Folha de S. Paulo, no último dia 18.

Ela destaca no artigo que o setor empresarial e o mercado financeiro não se importam se autoridades governamentais reproduzem discurso nazista, se estão tocando fogo na Amazônia ou se há corrupção no governo.

A esses segmentos só interessa que a economia esteja funcionando bem e, para eles, funcionar bem significa aumentar a riqueza, o esperado “retorno” de todas as mexidas comandadas pelo Ministro Paulo Guedes.

Com o impeachment de Dilma Roussef em 2016, o deep state tupiniquim já conseguiu grande parte do que queria: o fim dos direitos trabalhistas, reforma da Previdência, enfraquecimento dos sindicatos, privatização de setores estratégicos do País e eliminação de barreiras para exploração de todos os recursos naturais.

Ainda existem alguns entraves legais a serem removidos para aumentar ainda mais a acumulação, mas isso não ocorre de uma hora para outra.

Com uma boa dose de paciência vão encontrando os caminhos para mudar a legislação e fazer a população acreditar que assim é melhor.

O resultado do acúmulo alcançado até aqui foi destaque no Relatório do Desenvolvimento Humano (RDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado em dezembro de 2019: somos o País com a segunda maior concentração de renda do mundo.

Aqui os 1% mais rico concentram 28,3% da renda total.

Essa é a contribuição da elite brasileira para a desigualdade que está “fora de controle” no mundo, de acordo com relatório da organização não-governamental Oxfam.

No dia 19/01, no Forum Econômico de Davos, a organização divulgou o estudo Time do Care (Tempo de Cuidar), o qual afirma, categoricamente, que “a desigualdade econômica está fora de controle”.

O relatório mostra que em 2019 os bilionários do mundo somam 2.153 pessoas e juntos detém renda equivalente a 4,6 bilhões de pessoas – pouco mais de 60 por cento da população mundial.

De acordo com os autores essa enorme divisão é causada por um sistema econômico falho e sexista, pois valoriza a renda privilegiando poucos, sendo a maioria de homens.

Os critérios de valorização da renda não consideram “[Mais de 12…] bilhões de horas de um trabalho essencial – o trabalho doméstico remunerado e não remunerado feito primariamente por mulheres e jovens em todo o mudo”, conforme enfatizado em trecho do Relatório.

Democracia versus desigualdade

No cenário global, a desigualdade está colocando a democracia em “xeque”.

As grandes potências disputam palmo a palmo as regiões do globo que apresentam abundância de recursos, principalmente de petróleo.

Nas Américas, os EUA reafirmam sua superioridade desestabilizando democracias revitalizadas desde meados dos anos de 1980, tomando posse das riquezas de seus vizinhos.

No último trimestre de 2019, vimos explodir pelos países sul-americanos revoltas geradas exatamente pelo aprofundamento da desigualdade decorrente do modelo neoliberal.

Em alguns países o povo buscava retomar seu protagonismo político, enquanto em outros, como Bolívia, a mão invisível do mercado destruía a democracia reconstruída há poucos anos.

Democracia e desigualdade são águas que não se misturam nem correm lado a lado. Estamos, portanto, diante de dois caminhos e, em algum momento, seremos forçados a fazer uma escolha…

*O autor é jornalista

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