O diário do engenheiro inglês Edward Dawis Mathews, que trabalhou, entre 1872-1874, no projeto da ferrovia Madeira-Mamoré, na então Província de Mato Grosso, hoje estado de Rondônia, chegará às livrarias físicas e virtuais no começo do próximo mês.
Viagem pelos rios Amazonas e Madeira: Brasil, Bolívia, Peru- 1872-1874(Valer) é um relato imprescindível para estudiosos e pesquisadores de temas amazônicos.
A tradução da obra é do professor de Língua Inglesa da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) Hélio Rodrigues da Rocha, também PhD em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Não é um livro para se encerrar em disciplinas, porque Mathews revela-se, por meio de narrativa pormenorizada, um observador atento.
Nada lhe foge ao olhar aguçado. Nada lhe escapa da escrita em pleno cruzeiro.
“[Ele]registrava as paisagens, os acontecimentos relevantes, a arquitetura das cidades, vilas e aldeamentos; oshábitos e costumes das pessoas; a culinária, a dança, a indumentária e algumas palavras e expressões de vários grupos indígenas”, escreve a coordenadora editorial da Valer, fisósofa Neiza Teixeira, na contracapa da obra.
Assim, segundo Neiza, “[no diário] encontramos, ainda, um inventário do comércio, das vias navegáveis, das missões estabelecidas pelos missionários nas margens dos rios por onde ele passou [e] o registro do momento político que viviam as repúblicas implicadas no roteiro e as figuras políticas que ele conheceu”.
Mathews registra, também, o regime de escravidão ao qual eram submetidos os trabalhadores que construíam a Madeira-Mamoré.
No seu retorno à Inglaterra, ele decidiu ir pelos Andes, através da Bolívia e do Peru, ao invés descer o Madeira e o Amazonas, para alcançar o Atlântico, rota comum na época.
Este é um livro que revela a Pan-Amazônia envolta em geopolítica pouco conhecida ainda nos dias de hoje, como a que é manifestada no comércio de longo percurso corrente através dos rios, florestas e montanhas.