No meio do vaivém de pessoas e mercadorias do porto regional Manaus Moderna existem cenas que contradizem a ideia comum do que seria moderno.
Homens carregam cargas que os fazem caminhar capengas: homens-cangalhas.
Homens que equilibram sobre as cabeças uma enorme caixa d`água e abrem passagem na marra rumo à motor de linha: homens-formigas.
Gente que entope o motor de linha com o convés trançado de redes de dormir: gente-sardinha enlatada.
Passageiros que caminham cambaleantes sobre pranchas de embarque: gente equilibrista
Gente que ganha a vida faça chuva, faça sol, sem proteger a saúde adequadamente; gente orelha-seca.
Nesse quadro de negações do que seria moderno, a conclusão que se pode chegar, sem qualquer esforço incomum, é que essa denominação de Manaus Moderna é uma tiração da falta de equipamentos e serviços do porto que atende aos tratados como interioranos.
Isso: tão tirando com o sofrimento de quem poderia ter um tratamento mais humanizado.
Por outro lado, é interessante pensar que a modernidade de Manaus é aquela que não deu certo, que, em vez de gerar a riqueza prometida para todos, só gerou pobreza para quase todos.