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Luta de mulher: dos fios da diversidade brota o amor à vida plena

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Ivânia Vieira*

As manchetes têm traduzido a feição, diversificada na violência, da condição da mulher no Brasil, na América Latina e no mundo: quanto maior a produção de conflitos e de guerras, mais afetadas estarão a vida e a sanidade das mulheres.

São as mulheres as principais receptoras dos resultados produzidos pela desordem mundial, pelo aguçamento do capitalismo e dos governos neofascistas instalados em algumas das regiões do Planeta, como o é na atualidade da América Latina, continente ainda com feridas abertas produzidas por longo período de ditaduras militares.

O desemprego, tema recorrente nas manchetes da mídia brasileira (são aproximadamente 12 milhões de desempregados), produz uma fotografia denunciadora da realidade da população feminina.

A jornada de trabalha da mulher é 7,5 horas a mais quando comparada a do homem; a desigualdade salarial permanece elevada –  mulheres ganham 20,5% menos que os homens.

Os índices, quando vistos por Estados, capitais e entre bairros, são mais elevados.

A mulher pobre, negra, quilombola forma a base da pirâmide da desigualdade de gênero.

Crianças, adolescentes e idosos são abrigados pela maioria absoluta das mais de 30 milhões mulheres chefes de família.

A subocupação ou o trabalho informal tem sido o destino das mulheres.

Em 2019, 42% da mão de obra feminina estava atuando na informalidade.

Estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que a mulher está mais sujeita a esse tipo de trabalho onde os direitos trabalhistas não existem.

Nos últimos três anos, mais de 300 mil empregados domésticos com carteira assinada perderam o trabalho.

Esta é uma das atividades em que a mão de obra feminina é maior, e a carteira de trabalho assinada deixou de ser considerada.

O número de mulheres trabalhando informalmente em serviços domésticos cresceu e colocou na gaveta uma conquista recente, (2015) quando foi aprovada a ‘PEC das Domésticas’.

Interfaces da destruição

O desmantelamento das estruturas públicas de saúde, de educação e a degradação ambiental ampliam as dificuldades pelas quais passam as mulheres e produzem mais sofrimento, angústia e adoecimentos.

A imigração impacta a vida da mulher seja porque ficou no lugar e seus familiares e amigos partiram, seja por ter seguido, em condições subumanas, rumo a outro país onde ela, as crianças e os outros imigrantes são impedidos de entrar ou entram para ser tratados como seres humanos de terceira classe.

A violência contra a mulher é outro capítulo da história feita de nódoas sangrentas.

No âmbito doméstico, as formas de ataque à integridade, à dignidade e à vida da mulher permanecem ativas diante da cumplicidade de parcela expressiva da sociedade cuja atitude primeira é a de condenar a vítima responsabilizando-a pelas agressões sofridas.

Na esfera estatal, a violência institucionalizada continua protegida e age cotidianamente sobre as mulheres.

Saem das entranhas dos tijolos, das paredes, das linguagens instituídas nessas estruturas os mecanismos manejados para impedir a participação efetiva das mulheres, desqualificando-as, silenciando-as ou submetendo-as a exercícios de misoginia assegurados pelo patriarcado.

Lamparinando

Somados os números, despida a realidade, parece gigantesco demais o desafio posto às mulheres.

E é mesmo.

A diferença é que na história das lutas de mulheres, dos feminismos, o medo descobriu a esperança e a coragem. Vestiu-se nelas e fez da resiliência a marca da marcha secular das mulheres para romper com todas as formas de opressão. Fez nascer a árvore da resistência por onde a equidade irá brotar.

As raízes seguem aprofundando os laços e entrelaçando os galhos enquanto a árvore se multiplica na adversidade.

Vieram o 8 de Março, o 25 de Julho, o 25 de Novembro… inscrevendo nos corpos os escritos das lutas das mulheres em todo o Planeta, na cidade, no campo, nas águas, na floresta.

Se nos deixam falar contaremos, chorando, cantando, poetizando, caminhando, a outra versão da história do mundo.

E quando não nos deixam falar, rompemos o silenciamento e a tentativa de nos tornar invisíveis. Estamos contando a outra história por nós construída.

Por tantas vezes, o sangue derramou em nós e o silêncio gritou diante de tamanha crueldade.

As correntes acionadas pelo poder tentaram impedir nossos passos e aprendemos, a cada dia, a nos desvencilhar delas.

A fogueira queimou muitas de nós acusadas de bruxarias.

Labaredas e cinzas se ergueram, voaram e se espalharam na terra para que novas bruxas pudessem realizar as cirandas por onde circulam as sabedorias e as resistências feministas, ecofeministas.

Vivas prosseguiremos em luta.

Mulheres velhas, mulheres adultas, mulheres jovens e adolescentes.

Reafirmamos compromissos em defesa da vida e da dignidade da mulher; reafirmamos a disposição de seguirmos em marcha até que todas estejam livres.

Esta é a nossa utopia e nela tecemos, a partir das nossas diferenças, os fios do movimento libertário e solidário que enfrentou ditadores, cavalarias, muros e grades pelo direito de ter direitos.

É esta marcha que agora passa por você e o convoca a ser parte dela.

A luta das mulheres é inclusiva, firme e generosa.

Esta singularidade tem atravessado os ciclos das experiências humanas para denunciar todas as formas de morte usadas contra a mulher; e anunciar a persistência em cantar a canção do amor à vida plena.

 

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