Pandemia do Covid-19 vai superar estragos da crise de 2008 na AL, avalia Cepal
A pandemia de covid-19 terá efeitos arrasadores na economia global, que devem ser mais intensos do que a crise financeira global de 2008, e os países da América Latina e do Caribe não serão poupados.
O alerta é da secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, Cepal, Alicia Bárcena. A representante disse que a crise “entrará na história como uma das piores” que o mundo já passou.
Alicia Bárcena explicou que o vírus afetará a região através de cinco canais
Primeiro, através da descida da atividade econômica em vários parceiros comerciais. A China, por exemplo, é o principal parceiro comercial do Brasil, Chile e Peru. Durante o ano, o valor das exportações para o país pode cair até 10,7%.
Um segundo canal é o turismo, que deve afetar mais fortemente os países do Caribe.
Em terceiro lugar, as cadeias globais de valor devem ser interrompidas. Isso afetaria principalmente o México e o Brasil, países que importam peças e bens intermediários da China para seus setores de manufatura.
Em quarto lugar, a queda nos preços das commodities deve prejudicar os países que exportam matérias-primas. Por fim, em quinto lugar, os investidores devem ter maior aversão ao risco.
Medidas
A secretária executiva também destacou as medidas que os governos da região já estão tomando. Além de esforços para reduzir e prevenir o contágio, estão adotando medidas econômicas, fiscais e monetárias.
Alguns países estão aumentando gastos sociais, reduzindo taxas de juros, intervindo nos mercados de câmbio, suspendendo taxas de crédito bancário, criando linhas de crédito, congelando coimas para famílias que não pagam contas de água e desenvolvendo ações para evitar o esgotamento dos estoques de bens básicos.
Nenhum país será capaz de combater essa pandemia sem cooperação global e regional
(Alicia Bárcena)
Alicia Bárcena referiu ainda a importância de proteger os grupos mais vulneráveis como idosos e pobres. Segundo ela, “quanto mais desigual for um país, mais grupos vulneráveis arcarão com o impacto econômico da pandemia e menos recursos terão para combater a pandemia.”
Por fim, a chefe da CEPAL apelou à coordenação e cooperação global. Ela disse que “nenhum país será capaz de combater essa pandemia sem cooperação global e regional.”
Para Bárcena, “a pandemia tem o potencial de remodelar a globalização geopolítica, mas também é uma oportunidade de recordar os benefícios da ação multilateral.”
Fonte: ONU News