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DOS CONFINS DO AUTOISOLAMENTO [Por Wilson Nogueira]

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É REALIDADE VIRTUAL, MAS É REALIDADE      

O motor da motocicleta enguiçou no engarrafamento, no momento que eu precisava retornar para casa com certa urgência.

Não consegui reativar a máquina.

Talvez faltasse gasolina, mas, como eu estava com pressa, decidi usar uma moto sobresselente que estava guardada no porta-tralha, debaixo do selim.

A pequena geringonça abriu-se ao apertar de um botão e se transformou em uma mini motocicleta, com rodas minúsculas, mas que, dirigindo-a com cuidado, desviando-a dos buracos, daria para chegar em casa.

Encostei a moto-mãe na calçada, travei o guidão dela, pulei na motoquinha e puxei o acelerador, com leveza..

Segui para uma área onde a movimentação de carros era menor, porém, ali não havia sinalização, aí tive que parar, para escolher, mentalmente, o melhor caminho para casa.

Passei a observar os carros que seguiam a provável rota mais livre e mais curta, na minha avaliação.

Então, optei por uma que, aparentemente, escoava os carros com mais velocidade.

Não!

Logo dei de cara com um engarrafamento na saída de uma ponte, e só a mão contrária estava em fluxo, algo que não havia previsto nos meus cálculos de motoqueiro.

Como a mini moto era desmontável, desci do selim, apertei o botão de desarme e ela se fez uma prancha igual às de surfe.

Coloquei-a debaixo do braço, atravessei a pista congestionada e, novamente, armei a minha moto mágica na pista livre, para retornar para casa, agora através de um caminho mais distante.

A minha preocupação passou a ser com o nível de combustível da maquininha dobrável, que, de dobra em dobra, se transformava, também, em uma bola do tamanho de um capacete.

Enfim, dei-me conta de que estava em lugar conhecido.

Antes de ir para casa, parei em um campinho de futebol, onde conversei com amigos de infância, tentando convencê-los a resgatarem, comigo, a moto que ficará para trás.

Ninguém topou, porque, a essa altura, todos sabiam que o centro da cidade havia se tornado uma balbúrdia.

Nem eu mais sabia responder a eles onde havia abandonado a minha motocicleta.

Então fiquei a imaginar: “Perdi a minha moto, perdi a minha moto! O jeito é ficar com essa aqui, tão frágil. É, mas se eu cuidar bem dela, ainda posso ir muito longe!

Retornei para casa com ela debaixo do braço, agora no formato de uma bola.

De longe observei que a mamãe estava sentada em um banco comprido, na entrada do caminho que levava à nossa casa, no fim de um descampado, perto da floresta.

Sucede que quem me recebeu não foi a mamãe e sim outra pessoa, que estava em casa com outras pessoas, entre elas, uma mulher jovem que acalentava o seu filho de colo.

Aproximei-me dela, coloquei a mão no rosto do bebê e perguntei: “É menino ou menina?”.

A pergunta e a resposta foram arrastadas por uma rajada de vento que atravessou a casa, o campo e se enfiou floresta adentro.

A noite chegou rápido.

E eu pensei: Pra que motocicleta? Não preciso mais dela.

Quando desprendi as pálpebras, a luz já entrava pela cortina entreaberta.

Peguei a máquina fotográfica e escrevi essa cena a partir da janela do meu autoisolamento.

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