É um tempo diferente
Ontem, 31 de março de 2020, o céu amanheceu em silêncio…
Nuvens escuras, pesadas, baixas, tentavam amarrar árvores amazônicas
Um dia de sombras até se fechar na noite abafada
Faltava ar. Faltaram aparelhos para respirar. Faltou espaço para andar…
Andamos no estreito sem vales nem horizontes
Contamos os corpos pelo ritmo da TV
Eram tantos….
Ele ria, tiranizava sob aplausos de seguidores obcecados por selfie
Um viva para a morte no espelho do mito!
A janela da noite se fez mosaico de noites mil. Luz e escuridão, frigideiras sussurrantes ecoam o grito das cidades vazias.
Há um certo Brasil pendurado
Hoje, 1º de abril de 2020, o céu da manhãzinha está tão azul
As nuvens brancas na dança da transformação. Misturam-se
Uma delas na teimosa liberdade que clama para não ser esquecida.
Pra lá da varandinha, o vírus tenta matar mais um, oficialmente.
Uma onze-horas rubra, resiliente, se abriu cheia de beleza, mostrando outro jeito de olhar da varanda…