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Garantido abre live com ladainha rezada para Santo Antônio desde 1913

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Um clip da ladainha da véspera do dia de Santo Antônio abre nesta sexta-feira (12/06) a live que vai lembrar a primeira das saídas dos brincantes do Garantido às ruas de Parintins (AM), para homenagear os santos católicos do mês de junho.

O vídeo foi elaborado por descendentes do pescador e agricultor Lindolfo Monteverde, fundador desse agremiação.

O tema da live é O amor é Garantido, uma alusão ao poder casamenteiro de Santo Antônio e ao Dia dos Namorados, hoje (12/6). O evento, que vai começar às 21h, será transmitido pela TV A Crítica e se estenderá até a meia noite, com a participação dos principais itens do boi.

Antes da existência do festival, o boi saía às ruas para brincar nos terreiros dos padrinhos e simpatizantes, que ofertavam aos brincantes mingau de milho verde, mingau de  arroz, refresco com pão doce e bebidas quentes.

Estão mantidas até hoje as saídas do bumbá na véspera do dia de Santo Antônio, no dia de São João, 24, e no dia da matança, em 17 de julho, quando os brincantes encenam o auto do boi-bumbá, cujo ápice é a morte do boi..

São João é o santo para quem Lindolfo Monteverde fez o Garantido como pagamento de promessa.

O fundador clamou ao santo a cura de terrível febre que sofrera quando ainda criança, e logo foi atendido.

No dia São Pedro, 29 de junho, o bumbá já está se apresentando ou se preparando para apresentar o seu espetáculo na arena bumbódromo, onde disputa com o Caprichoso o título de campeão do ano. O festival é realizado na última semana de junho.

Há também a Alvorada, uma passeata que marca a abertura dos ensaios do boi-bumbá, em 1.º de maio, Dia de São José Operário, o padroeiro do bairro reduto da velha guarda garantidense.

Outra dia festivo na Baixa da Xanda é o do nascimento de Lindolfo,  2 de janeiro, conhecido como  Dia da Tradição.

Ladainha

A ladainha, rezada toda em latim, é realizada há 107 anos no terreiro do Garantido, hoje conhecido com Curralzinho da Baixa.

Cenas da gravação do clip da ladainha, no curralzinho da Baixa. Foto: Divulgação

Essa tradição indica, também, que as mulheres participavam ativamente da organização da brincadeira, como na preparação espiritual dos brincantes, no acolhimento dos brincantes e suas famílias que vinham de outras comunidades, no embelezamento do curral e do barracão de festas,  na elaboração das fantasias, das bebidas e da alimentação.

A brincadeira de terreiro não era protagonizada por elas, pois, aquelas que se aventurassem no dois pra lá, dois pra cá, certamente seriam tachadas como moças “pouco sérias”.

O santo de promessa do Garantido é São João, mas Santo Antônio, ao que tudo indica, também era amado pela família havia muito tempo.

A mãe de Lindolfo chamava-se Antônia Alexandrina, a dona Xanda, de onde vem o nome Baixa da Xanda, também conhecida hoje como Baixa de São José.

A esposa do fundador chamava-se Antônia e o casal batizou uma das meninas como Antônia Alexandrina.

O segundo filho, que levou o nome de João Batista, tornou-se substituto de Lindolfo na condução do bumbá até o final da década de 1980.
São vários os netos/as, bisnetos/as e tataranetos/as com os nomes Antônio, Antônia e João.

Assim, a ladainha da véspera de Santo Antônio reafirma, todos os anos, o vínculo de devoção popular do Garantido com a fé cristã, que se espalhou pelo mundo com a crença de que homens e mulheres que se tornam santos exercem uma intermediação entre Deus e os humanos.

Pandemia
O clip da ladainha foi gravado conforme os rigores de segurança determinados pelas autoridades sanitárias do município, para evitar a disseminação do novo coronavírus, assegurou a presidente da Associação Regional Lindolfo Monteverde, jornalista Suzan Monteverde.

A entidade foi criada pelos descendentes de Lindolfo e dona Antônia para proteger o patrimônio material e imaterial do boi-bumbá Garantido.

Para Suzan, o Garantido nasce das culturas trazidas pelos negros maranhenses para Parintins, por isso é um patrimônio da cultura popular amazonense.

A associação foi criada pelos Monteverde, segundo ela, para celebrar e proteger o legado cultural de seus antepassados, cujo propósito fundamental é festejar a fé, o amor e a liberdade com alegria transbordante.

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