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A busca filosófica em momentos de crise e pandemia [Jéssica Nayara Cruz Pedrosa]

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Vivemos em uma época privilegiada em muitos sentidos, especialmente em relação à técnica e à informação. Em plena pandemia, estamos mais conectados que nunca, compartilhando notícias (boas e ruins) e a possibilidade de expressar, a partir de múltiplas vivências, um crescente sentimento de impotência e incerteza, apesar de todos os avanços científicos e tecnológicos já conquistados.

Mais de um século atrás, Dostoievski já dizia que o segredo da existência humana residia não somente em viver, mas sobretudo em saber para que se vive.

Diante de um cenário no qual as nossas conquistas mais valorizadas se tornam impotentes contra as angústias da existência, temas como a morte e, sobretudo, a vida vêm à tona com uma conotação até então negligenciada.

Qual o sentido de todos esses avanços técnicos, sociais, culturais? Estaríamos mesmo tão assegurados assim de que são, de fato, avanços?

Para responder a essas perguntas, muitos têm recorrido a fontes mais clássicas e filosóficas. A necessidade de refletir a vida em sua essência nos remete a uma busca por um saber adormecido (conforme Heráclito, o logos da razão humana precisa ser desperto).

Plataformas de streaming estão cada vez mais requisitadas, mas não apenas filmes e séries têm ganhado destaque.

Podcasts filosóficos, como o Filosofia Pop (de Marcos Lopes, professor da Unilab), a Casa do Saber on Demand, com cursos nas mais diversas áreas, incluindo o mais assistido, sobre Friedrich Nietzsche, e a Acrópole Play, plataforma online da escola de filosofia e Organização Internacional Nova Acrópole, trazem a filosofia de volta ao cotidiano das pessoas.

Em entrevista para o podcast Jornada da Calma #35 desse ano, a poeta, cronista e filósofa brasileira, Lúcia Helena Galvão, diz que “o sumo ato de inteligência é a identidade: achar quem é você dentre tudo aquilo o que te sugerem ser”, e que através da filosofia praticada no dia-a-dia, nessa busca pelas respostas mais básicas da vida e da própria identidade, conseguimos lidar melhor com as frustrações e os limites de momentos de crise, doença e mal-estar cultural.

O retorno ao eu e a busca por sentido nos remete diretamente ao outro e a um senso de coletividade que vai além da informação compartilhada em escala global, muitas vezes um excesso prejudicial, direcionando-nos para a alteridade das vivências humanas.

Dessa forma, pensadores como Platão, Sócrates, Aristóteles, Giordano Bruno, Kant, dentre tantos outros, são redescobertos na era da informação, não apenas como fonte de um saber arcaico e meramente acadêmico, mas como oportunidade de encontrar respostas para o nosso cotidiano mais urgente.

É um movimento tão crescente que muitos artistas globais, CEOs e pensadores contemporâneos têm aberto suas redes sociais para as famosas “lives”, com discussões e entrevistas sobre esse exercício de auto-observação contra o prolongamento da crise.

Em entrevista à CBN, Lúcia Helena e o psicólogo Rossandro Klingey falam também sobre a importância de ouvir mais, sobretudo, se ouvir mais.

É importante salientar que discernir a angústia inerente à vida e o adoecimento psíquico é imprescindível.

Nesse sentido, a filosofia surge nas bases da Psicologia e da prática clínica, permitindo ao sujeito reconhecer seu lugar no mundo, seus limites e suas necessidades, incluindo o momento de pedir ajuda especializada e o momento de parar e refletir sobre sua autonomia e experiências.

Diante disso, nesses tempos de excesso de informação, faz-se sempre válido lembrar a máxima de Plutarco, “a mente não é uma vasilha para ser enchida, mas um fogo para ser aceso”.


*Autora possui mestrado em Letras e Artes, é psicóloga especialista em Avaliação da Personalidade, professora no Centro Universitário Fametro, e amante de psicanálise, filosofia e áreas afins.

 

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4 Comentários
  1. Larissa Albertino Diz

    Com o ruído reduzido, temos que nos a ver com nós mesmos. Somos obrigados a ouvir os sentimentos que sempre estiveram lá, mas que, com o barulho da rotina e do mundo “de fora”, conseguíamos ignorar com sucesso. Será que damos conta?

  2. Amanda Diz

    Matéria incrível!!! Adorei

  3. Lorena Diz

    Lindo texto!

    1. Wilson Nogueira Diz

      Obrigado. perdoe-me pela demora.

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