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Saudade de um abraço, né filho (a)! [Por Ênio Andrade*]

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A frase que gerou um burburinho e viralizou na internet é oriunda de uma entrevista do Dr. Dráuzio Varella no Fantástico e poderia ser aplicada para a sociedade amazonense nesse período que vivenciamos e urge que estejamos em afastamento social.

A dificuldade em manter o distanciamento social, sob minha ótica, tem como um dos principais fatores a questão histórico-cultural dessa imensa região desconhecida, amada por muitos, invejada por outros tantos e de certa forma negligenciada pelas autoridades em todos os âmbitos.

Sabemos que nossa população, o caboclo, termo que vem do tupi, segundo Deborah Lima (2009) ca-a-boc (o que vem da floresta) ou ainda kari’boka (filho do homem branco) tem incrustrado em sua constituição enquanto ser, sujeito adepto do abraço, do chamego, do toque.

Falamos  também  com as mãos, tocando, acariciando, cutucando o outro e muitas vezes batendo no ombro para se fazer notado ou se sentir presente. Nascemos seres gregários, que precisam viver em sociedade, grupos, agrupamentos em constante convívio e contato com o outro.

O ser da Amazônia carrega consigo sua herança indígena, que o faz querer sempre próximo ao outro, fisicamente e subjetivamente falando, além de considerar o convívio extremamente saudável e necessário para o seu desenvolvimento.

Viver o distanciamento traz um questionamento a todos, inclusive à Psicologia, de como este ser sente dificuldade em perder essa sua característica tão marcante. Como elaborar essa perda desse contato? Ou é mais fácil negar a necessidade de permanecer distante daquele que me complementa ou simplesmente me concede sua companhia, seja em uma mesa de dominó, de bar, no flutuante ou nas esquinas da vida tocando e ouvindo um violão… Como me desfazer do que me completa e faz parte de minha constituição?

Sabemos que o abraço, o contato físico é a forma como o amazônida demonstra o seu afeto, sua estima e seu cuidado com o outro. Não poder executar essa prática necessita um autocontrole visando o cuidar do outro, e para isso é preciso da “empatia”, termo que foi absorvido pelo senso comum com o significado de se colocar no lugar do outro. Confesso que tenho dificuldade com a palavra, não com o ato.

Os sujeitos da sociedade aplicam o termo como se colocar no lugar do outro fosse fácil. E não é, até pela razão de como vou me colocar no lugar do outro permanecendo com meus valores? Prefiro o que diz Jorge Ponciano Ribeiro (2013): buscar uma aproximação a partir da ótica peceptual do outro, sem julgar e com aceitação plena. Então, não precisamos ter empatia e, sim, praticar a empatia.

Finalmente, podemos dizer que essa prática é muito difícil e dolorosa para nós, pois perdemos algo que está enraizada em nossa constituição. Porém, é preciso que comecemos a praticar para minimizar os resultados não tão agradáveis e que, ao mesmo tempo nos permita não apenas cuidar de nós mesmos, mas principalmente do outro e quem sabe em um futuro, quem sabe próximo, possamos voltar à prática do abraço, do toque e espargir nossas raízes que nos fazem únicos e singulares e matar a saudade desse abraço que tanto nos é aprazível e libertador.

*O autor é Mestre em Psicologia, Especialista em C[ínica Social, Professor do Centro Universitário Fametro.

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1 comentário
  1. Nivia Diz

    Maravilhoso 🥺❤️

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