Escolas sem serviços básicos expõem 818 milhões de crianças à pandemia
Agências das Nações Unidas lançaram esta quinta-feira um levantamento alertando que pelo menos 43% das escolas em todo o mundo não tinham instalações básicas para lavagem das mãos com água e sabão em 2019.
De acordo com o relatório Progresso na Água Potável, Saneamento e Higiene nas Escolas, essa situação expõe cerca de 818 milhões de crianças a um maior risco de contrair a Covid-19 e outras doenças transmissíveis.
Brasil
Nota técnica lançada pelo UNICEF, em parceria com o Banco Mundial e o Instituto Internacional de Águas de Estocolmo (SIWI) mostra a situação de água e saneamento no Brasil, apresentando uma análise das ações implementadas no país e recomendações para uma resposta mais eficaz e equitativa à crise da COVID-19.
No Brasil, 39% das escolas não dispõem de estruturas básicas para lavagem de mãos, segundo dados do Programa Conjunto de Monitoramento da OMS e do UNICEF para Saneamento e Higiene (JMP). Além disso, de acordo com o Censo Escolar 2018, 26% das escolas brasileiras não têm acesso a abastecimento público de água. Quase metade (49%) das escolas brasileiras não tem acesso à rede pública de esgoto.
Segurança
O Programa de Monitoramento Conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo da ONU para a Infância (Unicef) apontam essas condições como essenciais para que centros de ensino operem com segurança diante da pandemia.
A África Subsaariana abriga mais de um terço do total dessas crianças, o equivalente a 295 milhões. Entre os países menos desenvolvidos, 70% das escolas carecem de instalações básicas para lavar as mãos. Em metade desses centros de ensino faltam saneamento básico e serviços de água.
No caso da América Latina e Caribe, 38 milhões de crianças em idade escolar não tinham serviço de saneamento básico na escola. Outros 61 milhões não tinham acesso a serviços básicos de higiene.
A recomendação aos governos é que procurem controlar a expansão da Covid-19, equilibrando a necessidade de implementar ações de saúde pública e os impactos sociais e econômicos associados às medidas de bloqueio.

Desafio
O relatório revela que já “estão bem documentadas” as evidências sobre os efeitos negativos do fechamento prolongado de escolas na segurança, no bem-estar e no aprendizado das crianças.
Para a diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, a decisão de encerrar as escolas desde o início da pandemia foi um desafio sem precedentes para a educação e o bem-estar infantil.
A chefe da agência defende que seja priorizado o aprendizado das crianças, mas que isso signifique “garantir que as escolas sejam seguras para reabrir com medidas como acesso à higiene das mãos, água potável e saneamento seguro.”
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus afirmou que o acesso a serviços de água, saneamento e higiene é essencial para a prevenção e o controle eficaz de infecções em todos os ambientes, incluindo nas escolas.
Ambiente escolar
O chefe da agência da ONU considera que esse deve ser o foco principal das estratégias dos governos para uma reabertura segura e operação de escolas durante a atual pandemia global da Covid-19.
Dos 818 milhões de crianças sem serviço básico de lavagem das mãos na escola, 355 milhões eram de centros de ensino com acesso à água, mas sem sabão. Outros 462 milhões não tinham água para lavar as mãos em ambiente escolar.
Em 60 países com maior risco de crises de saúde e humanitárias devido à pandemia, 75% das crianças não tinham acesso ao serviço básico de lavagem das mãos na escola no início do surto. Desse total, metade não tinha serviço básico de água e um pouco mais era desprovido de saneamento básico.
O estudo revela que o serviço de água potável em um terço das escolas em todo o mundo não existia ou era limitado. Um total de 698 milhões de crianças carecia de saneamento básico no centro de ensino.
Fonte: ONU News