A Editora Valer vai lançar nesta quarta-feira (09/09). às 18h30, na galeria do ICBEU (avenida Joaquim Nabuco, 1286, Centro), livro Luiz Bacellar e sua poesia, do escritor Elson Farias.
O evento homenageia o poeta Luiz Bacellar, que faleceu nessa data, em 2012, aos 84 anos. A editora informou que todas as medidas de prevenção ao novo coronavírus serão realizadas no local.
O poeta, um dos nomes mais expressivos da poesia amazonense, fez de Manaus um dos temas das suas obras. Por isso, a editora também lhe dedicou homenagem no último dia 4, data do seu nascimento.
“Como não reconhecer a grandiosidade, a riqueza poética de Frauta de barro? Por outro lado, como não ficar deslumbrado com a melodia de Sol de feira? E com a limpidez dos seus haikais?”, perguntam, respectivamente, a coordenadora editorial e o editor da Valer, filósofa Neiza Teixeira, e o jornalista Isaac Maciel.
Dizem ainda: “Ele é um poeta do presente, universal e atemporal, conforme podemos ler nos poemas que nos deixou. Viu no seu tempo, como testemunha dos acontecimentos do século XX, o processo de transformação que se operava, tanto em Manaus como em outros lugares do mundo.”.
Noutro trecho, destacam a importância da poesia de Bacellar para a memória de Manaus: “[Ele] Deu o seu testemunho, cantando e refletindo, recorrendo à memória, sua cidade de nascimento, o bairro de Aparecida, antigo bairro dos Tocos, que conhecia como ninguém. Por outro lado, não apenas lamentava os descaminhos do seu tempo, pois trazia sempre uma pitada de humor para os seus versos, o que nos rouba sempre um sorriso.”
Na obra, Elson Farias revela os leitores algumas facetas de Bacellar, o homem que nos chamava a atenção pela sua especial maneira de se portar no mundo. E, também, faz uma análise da obra do poeta.
Sobre a obra de Elson Farias, escritor e poeta Tenório Telles afirma: “Elson Farias presta seu tributo ao amigo e aponta caminhos para estudos futuros de sua produção poética. (…) Com este ensaio, Elson Farias enriquece e acresce informações relevantes aos estudos sobre este que é um dos poetas mais respeitados e amados da literatura que se produz no Amazonas.”
E assim começou seu encantamento pela poesia, como expressa num de seus poemas, na compreensão de Tenório:
Em menino achei um dia
bem no fundo de um surrão
um frio tubo de argila
e fui feliz desde então;
rude e doce melodia
quando me pus a soprá-lo
jorrou límpida e tranquila
como água por um gargalo.
O poeta Cláudio Fonseca, autor de Vitrais, destaca na apresentação da obra, o fato de Elson Farias ter sido amigo de Bacellar e, com ele, participado de momentos importantes da literatura amazonense:
“Testemunha é o fato de Bacellar só aceitar a sua candidatura à Academia Amazonense de Letras porque fora este amigo [E.F.] que lhe formulara o convite. Portanto, a meu ver, ninguém mais legitimo, com autoridade para chancelar um livro sobre a sua obra”.
Sobre a inteligência e temperamento de Bacellar, Fonseca acredita que, pela medida de suas introspecções, ele não fazia questão de pertencer ao seu tempo, mais ao tempo vislumbrado por sua poesia:
“As vezes me pego imaginando como Bacellar reagiria se o questionasse sobre a aridez cultural e artística que grassa em nossa época. Com certeza ele me olharia desalentado, daria de ombros e responderia ao seu estilo savoir-faire: ´É …, já jantaste?”. E eu: Não. E ele: Então vamos, eu pago. E me ensinaria (outra vez) como se serve um bom vinho com a elegância de um connnaisseur “.
Elson Farias não só conviveu com o poeta como também é um conhecedor de sua poesia, por isso, é a ele que presta a sua homenagem em reconhecimento pela beleza, técnica e maneira ímpar de trazer a poesia até nós.
O autor presenteia o leitor por meio de uma escrita leve e agradável, revela aspectos significativos que o conduz ao conhecimento e à compreensão do homem e da obra de um dos mais talentosos poetas da literatura nacional.
Trata-se de uma leitura prazerosa e esclarecedora. É um justo tributo à memória do cantor de Manaus e sua gente.
Respostas de Elson Farias
Quem foi Luiz Bacellar fora das suas introspecções poéticas?
Como profissão Luiz Bacellar foi só poeta, só cuidava de poesia e nada mais.
Como é escrever sobre Luiz Bacellar e sua obra? Penso na complexidade de ambos. Penso nos desafios.
Convivi com ele por mais de 50 anos. E tive oportunidade de conhecer
melhor a sua obra. Escrever sobre ele não me foi tão difícil.
A metáfora é o fundamento da linguagem poética e toda a sua complexidade
repousa aí. Meu trabalho, no livro, foi realizar uma leitura dos seus poemas sem a pretensão de realizar sobre eles uma exegese que é uma função reservada aos cientistas literários.
Nesse terreno mexi pouquíssimo, prendendo-me apenas aos aspectos gramaticais de sua
poética. Paralelamente a isso, fiz referência a aspectos de sua biografia e dos seus hábitos, conferindo ao texto um sentido humano.
Mesmo bastante conhecido, Bacellar e sua obra ainda são poucos compreendidos e reconhecidos. Não?
Olha, Wilson, eu acho que do ponto de vista da compreensão de todo poeta, Luiz Bacellar é até um dos mais compreendidos e apreciados por seus leitores. Há pessoas que sabem de cor poemas seus.
Bacellar é mesmo um nobre visconde?
Ele se dizia possuir o título de Visconde, Visconde de Monte Alegre e cultivava a tradição de sua descendência enraizada em antigas famílias portuguesas e brasileiras. Chegou a isso em seus estudos de heráldica em que era perito.
O que o leitor deve esperar da sua obra, Luiz Bacellar e sua poesia
Espero que os seus possíveis leitores o leiam com agrado. Espero também que constitua um subsídio a futuros estudos de cientistas literários.
Parabéns