Mais de 100 líderes mundiais discutem nesta quarta-feira(30/9) como combater o declínio do número de espécies do planeta, que teve uma perda de 68% de vertebrados desde 1970.
O objetivo do primeiro Encontro de Cúpula da ONU sobre Biodiversidade é preparar a Conferência das Partes da Convenção sobre Biodiversidade, COP15.
No evento que acontecerá em Kunming, na China, em 2021, os líderes mundiais devem adotar um ambicioso plano de ação.
Importância
Antecipando a reunião sobre a biodiversidade, a ONU News falou com a angolana Fernanda Samuel, que é finalista do prêmio Jovens Campeões da Terra 2020, organizado pela Agência da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma.
A jovem de 28 anos destacou a importância do encontro para incentivar medidas concretas nesta área.
“É importante discutir a biodiversidade ao mais alto nível para que os governos adotem políticas públicas que priorizem as práticas para proteção do ambiente. Ou seja, não se pode falar do combate à pobreza e crescimento econômico sem uma aposta séria na preservação dos recursos da fauna, da flora, dos solos, dos rios e os oceanos.”
Nos últimos anos, ela liderou campanhas de conscientização pública, além de atividades de limpeza e reflorestamento com a ajuda de milhares de voluntários.
A jovem, que também formou uma parceria com o governo local, diz que a participação dos jovens é essencial nesta luta.
“Jovens como eu têm dado um grande contributo, alertando para os altos níveis de poluição e a extinção acelerada das espécies importantes para manutenção dos ecossistemas. É por isso que o nosso projeto, denominado Otchiva, promove a proteção e restauração dos mangais, berçário de cerca de 80% da vida marinha, incluindo aves migratórias, como os flamingos, símbolo da minha cidade natal, Lobito, no litoral sul de Angola.”
75% das novas doenças infecciosas são zoonóticas, passando dos animais aos humanos […] a humanidade está travando uma guerra contra a natureza”, António Guterres, secretário-geral da ONU
Secretário-geral
Mais de 60% dos recifes de coral do mundo estão ameaçados, populações de animais selvagens estão caindo e taxa de extinção de espécies está se acelerando, com cerca de um milhão de espécies atualmente ameaçadas ou em perigo.
Para o chefe da ONU, “o desmatamento, as mudanças climáticas e a conversão de áreas selvagens para a produção de alimentos humanos estão destruindo a teia da vida na Terra.”
Lembrando a pandemia de Covid-19, Guterres afirmou que 60% de todas as doenças conhecidas e 75% das novas doenças infecciosas são zoonóticas, passando dos animais aos humanos.
Segundo ele, “a degradação da natureza não é apenas uma questão ambiental”, com consequências abrangendo economia, saúde, justiça social e direitos humanos.
O secretário-geral disse ainda que “é necessária uma ambição muito maior, não apenas dos governos, mas de todos os atores da sociedade.”
Encontro
O Encontro de Cupula tem o tema “Ação urgente sobre a biodiversidade para o desenvolvimento sustentável”.
Em comunicado, o presidente da Assembleia Geral da ONU, Volkan Bozkir, disse que “é preciso transformar a biodiversidade em uma preocupação doméstica e uma questão política.”
Metas
Relatórios mostram que os esforços globais não conseguiram atingir nenhuma das 20 metas de biodiversidade estabelecidas pelos Estados-membros.
Pesquisas recentes, no entanto, mostraram que ações sobre a biodiversidade podem trazer benefícios econômicos e sociais. https://news.un.org/pt/story/2020/09/1727982
Em locais onde a pesca foi regulamentada e relatada, por exemplo, os estoques de peixe melhoraram. Onde se desacelerou o desmatamento, a perda de habitat foi controlada. Restauração de ecossistemas, com apoio de populações locais, reverteram décadas de degradação.
Para regenerar todos os recursos biológicos usados pela humanidade entre 2011 a 2016, seriam necessários cerca de 1,7 planetas Terra. A mesmo tempo, os governos estão atribuindo US$ 500 bilhões em subsídios que causam danos ambientais.
A pandemia COVID-19 também destacou a importância da relação entre as pessoas e a natureza. A destruição e degradação dos ecossistemas naturais aumenta o risco de propagação de doenças da vida selvagem.
Fonte: ONU News